Valid vende participação em empresa irlandesa para o Softbank e reforça foco no Brasil
Companhia deve embolsar 32 milhões de euros no primeiro semestre de 2024 com venda de uma fatia da participação na Cubic
A Valid se prepara para embolsar 32,1 milhões de euros (R$ 171,95 milhões) com a venda de 67,5% da sua participação minoritária na Cubic Telecom, empresa irlandesa de plataformas de conectividade. O valor supera em mais de três vezes o investimento inicial da companhia no negócio, de 10 milhões de euros, feito em 2017. O comprador é o conglomerado japonês Softbank, que adquiriu, ao todo, 51% do capital da Cubic, incluindo as fatias de outros acionistas da empresa, como a Qualcomm e a Cariad, braço de software da Volkswagen. A Valid possuía participação de aproximadamente 6% e, pelo acordo, vai manter a fatia remanescente no negócio pelos próximos dois anos.
Até lá, a companhia decidirá se vai permanecer ou sair por completo da investida. A Cubic se apresenta como líder em softwares de conexões IoT (sigla em inglês para “internet das coisas”) para veículos automotivos, incluindo máquinas agrícolas. Está presente em mais de 190 países, com predominância no mercado europeu e 17 milhões de aparelhos conectados, segundo dados disponíveis no site da empresa. Foi avaliada em 900 milhões de euros na transação com o Softbank, que vai desembolsar 473 milhões pelo controle do negócio e ter direitos a três assentos no conselho de administração.
A plataforma da Cubic permite que os fabricantes automotivos monitorem, gerenciem e atualizem funcionalidades dos veículos globalmente, por meio de conectividade móvel. Assim, o automóvel pode ser adaptado, remotamente, aos requisitos regulatórios de conectividade de cada país ou região onde é comercializado. Com a aquisição, o Softbank ingressa no segmento de IoT para carros conectados e abre oportunidade para a Cubic acessar o mercado asiático.
“Toda expertise que a gente tem no mercado de chips telefônicos, de sistemas operacionais, de conectividade está e esteve muito à disposição da Cubic. Mas, agora, para uma escala global dentro de um único segmento, que é o segmento automotivo, eu de fato preciso de um outro sócio dentro do cap table para uma expertise que eu não tenho”, afirmou Ivan Murias, CEO da Valid, ao IM Business.
Segundo ele, a companhia segue confiante na tese da Cubic, dado que os asiáticos respondem por quase metade do mercado mundial de carros. “A gente segue acreditando que a parte de chip na conectividade, com o Iot, é uma combinação que vai ter muitos desdobramentos e a parte de carros é apenas um caso de uso super relevante”, diz Murias.
A companhia também afirma ser a terceira maior fabricante de chips do mundo, com 10% do market share global nesse segmento.
Leia mais: Dominante nos documentos físicos, Valid não tem medo da digitalização
A expectativa da Valid é que os recursos com a venda da Cubic sejam embolsados até a segunda metade do ano que vem. O crescimento inorgânico por meio de aquisições segue no horizonte, porém a companhia nega estar em algum processo de negociação no momento.
“Mas, de fato, a gente tem olhado a perspectiva de fazer alguma aquisição maior se estiver em um custo aceitável, se tiver uma diluição razoável para o acionista e se de fato for sinérgica para o nosso futuro”, diz o CEO.
“Como a gente tem debêntures negociadas no mercado secundário, a gente consegue perceber que o custo para acessar o capital está razoável. A gente poderia, a qualquer momento, diante de uma boa oportunidade, apertar o botão”, complementa. Segundo o executivo, ainda há muitas empresas que não tem urgência em fechar negócio com um player estratégico e menos dispostas a aceitar valuations menores.
A saída parcial da Cubic ocorre quase um ano e meio depois que a empresa vendeu seus ativos de pagamento e identificação nos Estados Unidos. Questionado sobre outros ativos que podem ser vendidos futuramente, Murias destacou que a Valid ainda possui outros investimentos fora do Brasil, em países como Argentina, Colômbia e Nigéria.
“Constantemente, eles têm sido objeto de avaliação, para a gente identificar se continuam sendo prioritários ou não. Se a resposta for não, vamos avaliar se a hora de se desfazer desses ativos é agora ou um pouco mais para frente”.